O colega Daniel Candido (Geografia/Unicamp) terminou o doutorado com força total. Olha ele aí na foto fazendo um "hadouken" (como diria a colega Heloísa Corrêa Pereira). O trabalho dele foi tema de duas matérias, uma do Jornal da Unicamp (set/2012) e outra da Globo (G1 - Campinas e região) e eu faço aqui minha homenagem ao belo trabalho do colega.
Ele e a professora Luci Hidalgo Nunes (orientadora da tese) desenvolveram a Escala Brasileira de Ventos (Ebrav) para classificar a intensidade dos ventos e o estrago feito por eles. Essa escala é útil para classificar os ventos no Brasil pois leva em conta a estrutura das edificações e a realidade socioeconomica nacional. Nesse sentido ela difere das escalas utilizadas em outros países como a Fujita (utilizada nos EUA) e a Torro (países europeus) que foram criadas para a realidade daqueles países.
Segundo Daniel Candido, com base na entrevista feita por Catucci (2012), os estados mais atingidos por tornados foram São Paulo, Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Paraná. O país está num 'Corredor dos tornados da América do Sul', que compreende um polígono demarcado entre o norte da Argentina, Uruguai, centro-sul do Brasil, Paraguai, e parte da Bolívia. Esse corredor possui as condições que favorecem a formação de tornados além disso existem outros fatores como o crescimento das áreas urbanas (que propiciam o surgimento de ilhas de calor), os corpos d’água como o Rio Tietê, relevo, altitude e a presença de ventos.
Abaixo, alguns trechos do Jornal da Unicamp, em matéria de Manuel Alves Filho (2012):
"A ocorrência de tornados no Brasil é mais frequente do que se pensava. Entre 1990 e 2011 foram registrados ao menos 205 desses fenômenos meteorológicos em território nacional, número que coloca o país entre aqueles que mais anotam eventos do tipo no mundo. São Paulo foi o Estado mais atingido pelos episódios nesse período, seguido pelo Rio Grande do Sul e Santa Catarina. Os dados estão revelados na tese de doutoramento do geógrafo Daniel Henrique Candido, defendida recentemente no Instituto de Geociências (IG) da Unicamp, sob a orientação da professora Lucí Hidalgo Nunes. Em seu trabalho, o pesquisador desenvolveu, com base nas informações reunidas, um modelo que confirma a existência de um padrão espacial e temporal desses acontecimentos em solo brasileiro. Ele também criou uma escala para medição dos danos causados pelos tornados, compatível com as estruturas existentes no Brasil."
(...)
"Baseado no mapeamento, o pesquisador estabeleceu um modelo do risco anual de ocorrência de tornados no país, cuja escala vai de abaixo de 1% a acima de 25%. Em São Paulo, as cidades de Campinas, Indaiatuba e Itu, além da faixa litorânea, apresentam maior possibilidade de registrar novos tornados."
(...)
"No Rio Grande do Sul, conforme o modelo proposto pelo autor da tese, as áreas mais suscetíveis à ocorrência de tornados são a faixa litorânea e as imediações do lago Guaíba, com probabilidade em torno dos 25% ao ano. Em Santa Catarina, as regiões mais propensas à formação do fenômeno estão localizadas também no litoral e no extremo sul do Estado, mais ou menos nos mesmos patamares. Daniel esclarece que o modelo levou em conta somente os estados localizados na porção meridional do território brasileiro, por estes disporem de maior número de informações, maior concentração de eventos e reunir condições atmosféricas e de relevo que concorrem para o surgimento dos fenômenos. “Não consideramos os estados das regiões Norte e Nordeste no estudo justamente porque eles não reúnem essas características”, esclarece o autor da tese."
(...)
"De acordo com a professora Lucí, o trabalho realizado pelo seu orientado se reveste de duas importâncias fundamentais. Primeiro, traz novos dados acerca da ocorrência de tornados no país, o que contribui para que a ciência nacional conheça mais sobre esses fenômenos. Segundo, os dados podem servir para ajudar na tomada de decisão tanto no que toca à formulação de políticas públicas quanto no estabelecimento de planos de contingência voltados à preservação de vidas humanas. “Sabendo, por exemplo, que uma determinada área é mais suscetível à ocorrência de tornados, os planos diretores dos municípios podem determinar que tipos de ocupação e de construção são mais recomendáveis para o local. Essa informação ainda não é levada em conta no país, mas seria desejável que fosse, pois agora sabemos que existe um padrão espacial e temporal para a ocorrência desse fenômeno”, pondera."
Fontes:
+ ALVES FILHO, Manuel. Na rota dos tornados. Jornal da Unicamp. nº 539, Campinas, Set/2012. link
+ CATUCCI, Anaísa. Região de Campinas está na rota de tornados
no Brasil, diz Unicamp. G1 – Campinas e região. 25/09/2012. Campinas, 2012. link
Publicação:
Tese: “Tornados e trombas d'água no Brasil: desenvolvimento de um modelo e proposta de escala de avaliação de danos”
Autor: Daniel Henrique Candido
Orientação: Lucí Hidalgo Nunes
Unidade: Instituto de Geociências
Foto de Antônio Scarpinetti
Ele e a professora Luci Hidalgo Nunes (orientadora da tese) desenvolveram a Escala Brasileira de Ventos (Ebrav) para classificar a intensidade dos ventos e o estrago feito por eles. Essa escala é útil para classificar os ventos no Brasil pois leva em conta a estrutura das edificações e a realidade socioeconomica nacional. Nesse sentido ela difere das escalas utilizadas em outros países como a Fujita (utilizada nos EUA) e a Torro (países europeus) que foram criadas para a realidade daqueles países.
Segundo Daniel Candido, com base na entrevista feita por Catucci (2012), os estados mais atingidos por tornados foram São Paulo, Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Paraná. O país está num 'Corredor dos tornados da América do Sul', que compreende um polígono demarcado entre o norte da Argentina, Uruguai, centro-sul do Brasil, Paraguai, e parte da Bolívia. Esse corredor possui as condições que favorecem a formação de tornados além disso existem outros fatores como o crescimento das áreas urbanas (que propiciam o surgimento de ilhas de calor), os corpos d’água como o Rio Tietê, relevo, altitude e a presença de ventos.
Abaixo, alguns trechos do Jornal da Unicamp, em matéria de Manuel Alves Filho (2012):
"A ocorrência de tornados no Brasil é mais frequente do que se pensava. Entre 1990 e 2011 foram registrados ao menos 205 desses fenômenos meteorológicos em território nacional, número que coloca o país entre aqueles que mais anotam eventos do tipo no mundo. São Paulo foi o Estado mais atingido pelos episódios nesse período, seguido pelo Rio Grande do Sul e Santa Catarina. Os dados estão revelados na tese de doutoramento do geógrafo Daniel Henrique Candido, defendida recentemente no Instituto de Geociências (IG) da Unicamp, sob a orientação da professora Lucí Hidalgo Nunes. Em seu trabalho, o pesquisador desenvolveu, com base nas informações reunidas, um modelo que confirma a existência de um padrão espacial e temporal desses acontecimentos em solo brasileiro. Ele também criou uma escala para medição dos danos causados pelos tornados, compatível com as estruturas existentes no Brasil."
(...)
"Baseado no mapeamento, o pesquisador estabeleceu um modelo do risco anual de ocorrência de tornados no país, cuja escala vai de abaixo de 1% a acima de 25%. Em São Paulo, as cidades de Campinas, Indaiatuba e Itu, além da faixa litorânea, apresentam maior possibilidade de registrar novos tornados."
(...)
"No Rio Grande do Sul, conforme o modelo proposto pelo autor da tese, as áreas mais suscetíveis à ocorrência de tornados são a faixa litorânea e as imediações do lago Guaíba, com probabilidade em torno dos 25% ao ano. Em Santa Catarina, as regiões mais propensas à formação do fenômeno estão localizadas também no litoral e no extremo sul do Estado, mais ou menos nos mesmos patamares. Daniel esclarece que o modelo levou em conta somente os estados localizados na porção meridional do território brasileiro, por estes disporem de maior número de informações, maior concentração de eventos e reunir condições atmosféricas e de relevo que concorrem para o surgimento dos fenômenos. “Não consideramos os estados das regiões Norte e Nordeste no estudo justamente porque eles não reúnem essas características”, esclarece o autor da tese."
(...)
"De acordo com a professora Lucí, o trabalho realizado pelo seu orientado se reveste de duas importâncias fundamentais. Primeiro, traz novos dados acerca da ocorrência de tornados no país, o que contribui para que a ciência nacional conheça mais sobre esses fenômenos. Segundo, os dados podem servir para ajudar na tomada de decisão tanto no que toca à formulação de políticas públicas quanto no estabelecimento de planos de contingência voltados à preservação de vidas humanas. “Sabendo, por exemplo, que uma determinada área é mais suscetível à ocorrência de tornados, os planos diretores dos municípios podem determinar que tipos de ocupação e de construção são mais recomendáveis para o local. Essa informação ainda não é levada em conta no país, mas seria desejável que fosse, pois agora sabemos que existe um padrão espacial e temporal para a ocorrência desse fenômeno”, pondera."
Fontes:
+ ALVES FILHO, Manuel. Na rota dos tornados. Jornal da Unicamp. nº 539, Campinas, Set/2012. link
Publicação:
Tese: “Tornados e trombas d'água no Brasil: desenvolvimento de um modelo e proposta de escala de avaliação de danos”
Autor: Daniel Henrique Candido
Orientação: Lucí Hidalgo Nunes
Unidade: Instituto de Geociências
Comentários
Postar um comentário