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Quantos médicos devem ser formados por ano no Brasil para atingir os objetivos de saúde e desenvolvimento econômico?

Há alguns anos, mais precisamente em julho de 2008 publiquei aqui no blog um mapa que fez muito sucesso com o Número de habitantes por médicos no mundo (https://profissaogeografo.blogspot.com/2008/07/mapa-do-mundo-proporo-de-habitantes-por.html).

Visitando novamente a Biblioteca Virtual do IBGE me deparei com um trabalho muito interessante que tratava de algo semelhante.

O cálculo do número anual de médicos a serem formados a fim de atingir os objetivos de saúde estabelecidos no plano de desenvolvimento econômico. Este foi o problema de pesquisa quantitativa proposto pelo professor de Demografia da Escola Nacional de Ciências Estatísticas (ENCE) João Lyra Madeira (1968). 

O trabalho foi publicado na forma de folheto e atualmente está disponível na Biblioteca Digital do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE): https://biblioteca.ibge.gov.br/index.php/biblioteca-catalogo?view=detalhes&id=284667.

Lyra Madeira (1968, p.1) expõe a ideia de que:

"Pode admitir-se que um dos Índices mais significativos do grau de desenvolvimento de um pais é o aumento da proporção de mão-de-obra qualificada em relação a população total. Não parece ser menos verdade, de outra parte, que a educação constitui um dos investimentos mais remuneradores numa nação em processo de crescimento intenso. Quando, num país em tais condições, o número de técnicos, de engenheiros, de médicos, de professores não acompanha o mesmo ritmo, mantendo-se inferior a demanda, passa a constituir um entrave ao próprio processo como um todo." 

Lyra Madeira (1968, p. 2-3) parte de uma pesquisa realizada nos Estados Unidos por Harbison e Myers (1965):

"No trabalho já citado de Harbison e Myers [(1965)], os autores, com a finalidade de estabelecer um bom indicador do crescimento econômico, estudam diversas correlaçoes entre diferentes fatores e o Produto Nacional Bruto "per capita" (PNBH) nos Estados Unidos. Essas correlações são bastante elevadas, como se pode ver pelo resumo seguinte, onde se indicam os coeficientes de correlaçao linear de Pearson para alguns dos fatores considerados:

Número de professores por 10 000 habitantes e o PNBH: 0,755

Número de engenheiros e cientistas por 10 000 habitantes e o PNBH: 0,833

Número de médicos e dentistas por 10 000 habitantes e o PNBH: 0,700

o último coeficiente de correlação (0,700) entre o número de médicos e dentistas por 10 000 habitantes e o PNBH é aquele que está nos interessando especialmente, no momento." 



EEste trabalho de Lyra Madeira me remeteu à publicação "Projeções de mão de obra qualificada no Brasil: uma proposta inicial com cenários para a disponibilidade de engenheiros até 2020" elaborada pelos pesquisadores do IPEA, Rafael Pereira e colaboradores (PEREIRA; NASCIMENTO; ARAÚJO, 2011).


Referências:

HARBISON, Frederick Harris; MYERS, Charles Andrew. Educação, mão-de-obra e crescimento econômico: estratégia do desenvolvimento dos recursos humanos. Rio de Janeiro: Ed. Fundo de Cultura, 1965. 258 p.

MADEIRA, João Lyra. A Formação de médicos (um estudo quantitativo). Rio de Janeiro: Instituto Brasileiro Geografia e Estatística, Centro Brasileiro de Estudos Demográficos, 1968. 18p. ISBN: 2408466700. Disponível em: https://biblioteca.ibge.gov.br/index.php/biblioteca-catalogo?view=detalhes&id=284667

PEREIRA, R.; NASCIMENTO, P.; ARAÚJO, T. Projeções de mão de obra qualificada no Brasil: uma proposta inicial com cenários para a disponibilidade de engenheiros até 2020. Brasília: IPEA, setembro de 2011. Disponível em: https://portalantigo.ipea.gov.br/agencia/index.php?option=com_content&view=article&id=10455&Itemid=1


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Leia mais postagens sobre:

Obras no acervo da Biblioteca Virtual do IBGE: https://profissaogeografo.blogspot.com/search?q=biblioteca+ibge

Médicos: https://profissaogeografo.blogspot.com/search/label/m%C3%A9dicos

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