Pular para o conteúdo principal

Migração e mobilidade pendular nos Censos Escolares do INEP


O Censo escolar do INEP e os usos nos estudos sobre mobilidade e migração

Sobre o uso do Censo Escolar do INEP nos estudos de mobilidade espacial (mobilidade pendular e migração), sugiro dar uma olhada nos trabalhos do Prof. José Irineu Rigotti (geógrafo e demógrafo), do Departamento de Demografia, da Universidade Federal de Minas Gerais e pesquisador do Centro de Desenvolvimento e Planejamento Regional (CEDEPLAR).

Sugiro começar com o artigo mais recente (RIGOTTI et al, 2020) que foi publicado no "Dossiê Migração e Educação" (https://periodicos.ufsc.br/index.php/perspectiva/issue/view/2936) que tem artigos de outros autores que podem ser úteis.

O artigo mais antigo que recomendo (RIGOTTI; CERQUEIRA, 2004) dá um panorama geral sobre os dados do Censo escolar e não aborda a questão da mobilidade/migração justamente pois o INEP não coletava essas informações. Isso fica evidente no capítulo "Dados censitários e técnicas de análise das migrações no Brasil: avanços e lacunas", que compõe o livro "Mobilidade espacial da população", no qual Rigotti (2011) menciona os principais indicadores ou temas que se pode observar a partir dos dados do Censo do INEP: 

Migração: "Em relação aos censos escolares (www.inep.gov.br), até 2006 sabia-se apenas o número de alunos de cada escola que vieram de fora, isto é, estavam em outra escola no ano anterior, mas não havia nenhuma informação sobre a localidade da escola de procedência. A partir do Censo Escolar de 2007, a unidade mínima de análise deixou de ser a escola e passou a ser o aluno - que recebe um código de identificação, sendo possível acompanhar sua trajetória ano a ano. Assim, tornou-se possível identificar a nacionalidade do aluno ou a UF e município de nascimento (informação inexistente nos censos demográficos), a UF e município de residência e a localização/zona de residência - urbana ou rural." (Rigotti, 2011, p. 152)

Mobilidade pendular: "Também há informações sobre a UF e município da escola em que o aluno estuda, o que possibilita a verificação dos movimentos pendulares, por motivo de estudo.  (Rigotti, 2011, pág. 153)

Estudos longitudinais - Trajetórias espaciais: "Mas a maior vantagem deste banco de dados talvez seja a possibilidade de acompanhamento da trajetória espacial do aluno, segundo seu fluxo escolar, de um ano para o outro - como promovido, repetente, evadido ou falecido. Portanto, a perspectiva longitudinal informará a localização do aluno em nível municipal a cada ano, bem como a série que ele frequenta, na condição de promovido ou repetente. Dada a idade jovem dos alunos do ensino fundamental, seus movimentos migratórios poderão servir de “proxy” para as migrações de sua família."  (Rigotti, 2011, pág. 153)


Referências:




RIGOTTI, José Irineu Rangel. Dados censitários e técnicas de análise das migrações no Brasil: avanços e lacunas. CUNHA, J.M.P. (Org.). Mobilidade espacial da população: desafios teóricos e metodológicos para o seu estudo. Campinas: Núcleo de Estudos de População-Nepo/Unicamp; 2011. 184p. https://www.nepo.unicamp.br/publicacoes/livros/mobilidade/Mobilidade_Espacial_da_Popula%C3%A7%C3%A3o.pdf





RIGOTTI, José Irineu Rangel; CERQUEIRA, Cézar Augusto. As bases de dados do INEP e os indicadores educacionais: conceitos e aplicações. In: RIOS-NETO, E. L. G.; RIANI, J. L. (orgs.). Introdução à Demografia da Educação. Campinas: ABEP - Associação Brasileira de Estudos Populacionais, 2004.

http://professor.ufop.br/sites/default/files/danielmatos/files/rigotti_e_cerqueira_2004_as_bases_de_dados_do_inep_e_os_indicadores_educacionais_conceitos_e_aplicacoes.pdf


RIGOTTI, José Irineu Rangel; SIGNORINI, Bruna Atayde; HADDAD, Renato Moreira. Migração intermunicipal de estudantes do ensino básico do Brasil entre 2007 e 2015. Perspectiva, v. 38, n. 4, 2020. (Dossiê Migração e Educação). https://doi.org/10.5007/2175-795X.2020.e66056

Comentários

Postagens mais vistas nos últimos 30 dias

Classificação de localidades brasileiras para o IBGE e outras fontes

Postagem de 11/08/2015 - Atualizada em 27/05/2025 - Por: Ricardo de Sampaio Dagnino As localidades no Brasil podem ser definidas como uma "c ategoria que agrupa as feições que representam [...] os diversos tipos de concentração de habitações humanas. Exemplo: cidades, municípios, vilas etc.", conforme o Banco de Nomes Geográficos do Brasil: manual de uso (IBGE, 2024, pág. 15).  Definição semelhante pode ser lida nas "Noções básicas de cartografia. Vol. 1." (IBGE, 1999, pág. 73) e também nas "Especificações técnicas para aquisição de dados geoespaciais vetoriais do patrimônio imobiliário público federal (ET-ADGV Patrimônio Imobiliário Público Federal)" (BRASIL, 2021, p. 26): "Localidade é conceituada como sendo todo lugar do território nacional onde exista um aglomerado permanente de habitantes." Figura de Localidade nas Especificações para aquisição de dados geoespaciais (BRASIL, 2021, p.26) As Especificações técnicas p...

Expansão urbana da cidade de São Paulo (1800-2000)

Os mapas e arquivos mostrando a expansão urbana de São Paulo estão acessíveis gratuitamente no site da Lincoln Institute of Land Policy, como parte do Atlas da Expansão Urbana, organizado por Angel (2010). Mais informações sobre o Atlas no site . Fonte: ANGEL, S., PARENT, J.;  CIVCO D.; BLEI, A. Atlas of Urban Expansion. Cambridge MA: Lincoln Institute of Land Policy, 2010. Online at  http://www.lincolninst.edu/subcenters/atlas-urban-expansion /. Sobre o projeto: "The Atlas of Urban Expansion provides the geographic and quantitative dimensions of urban expansion and its key attributes in cities the world over. The data and images are available for free downloading, for scholars, public officials, planners, those engaged in international development, and concerned citizens. The global empirical evidence presented here is critical for an intelligent discussion of plans and policies to manage urban expansion everywhere." Sobre os mapas da seção 2 "30 Cities in H...

Resenha do livro Os Riscos, organizado por Yvette Veyret (2007)

Reproduzo abaixo a resenha do livro de Yvette Veyret (Os Riscos, o homem como agressor e vítima do meio ambiente) realizada pela professora Aureanice de Mello Corrêa. Esta resenha foi originalmente publicada no Boletim da Associação Nacional de Pós-Graduação e Pesquisa em Geografia  (ANPEGE) Nº 4, 2ª Quinzena de Agosto de 2007. Disponível:  aqui   Mais sobre o livro no Site da Editora Contexto Comentário sobre a matéria jornalística veiculada pelo jornal O globo sob o título A vida por um triz e resenha da Introdução do livro: Os Riscos, o homem como agressor e vítima do meio ambiente, organizado por Yvette Veyret publicado pela Editora Contexto, São Paulo, 2007. Por Aureanice de Mello Corrêa (Professora Doutora do Departamento de Geografia da Universidade do Estado do Rio de Janeiro) Na esteira do mal-estar e indignação da sociedade brasileira provocada pelo acidente aéreo do Airbus -320 da TAM em São Paulo no aeroporto de Congonh...