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Novo livro sobre Métodos demográficos em português

Foi lançado em 2021 o livro Métodos demográficos: uma visão desde os países de língua portuguesa editado por Ralph Hakkert, um dos membros do Grupo de Foz (2021 - https://www.blucher.com.br/metodos-demograficos-uma-visao-desde-os-paises-de-lingua-portuguesa_9786555500837



Capa do livro Métodos demográficos: uma visão desde os países de língua portuguesa 

Origens e organização do livro


No prefácio e apresentação está explicado como se deu a escolha do nome do grupo e forma de organização do livro adotada (GRUPO DE FOZ, 2021, p.8):

"Este livro foi escrito ao longo de quatro anos e contou com a colaboração de mais de 30 autores e revisores. A iniciativa surgiu em 2016 e foi objeto de uma reunião no Encontro da Associação Brasileira de Estudos Populacionais (ABEP) daquele ano, em Foz do Iguaçu, [Paraná] onde se decidiu a estrutura geral do livro, com 18 capítulos. Esta foi evoluindo, sofrendo alguns acréscimos e divisões de capítulos muito longos em capítulos menores, como é natural num empreendimento multisetorial escrito a muitas mãos, o que resultou na estrutura atual, com 23 capítulos." 

"O desafio principal para um livro com fins didáticos como este é a manutenção da coerência global, com um desenvolvimento lógico das ideias, sem omissões ou contradições, e com conceitos, fórmulas e símbolos uniformes. Para conseguir isso, o texto teve que ser muito mais rigorosamente editado do que normalmente acontece com publicações acadêmicas. Vários trechos tiveram que ser remanejados, de um capítulo para outro, para melhorar a ordem de exposição das ideias, e várias lacunas nos textos originais tiveram que ser preenchidas pelo editor ou por autores diferentes dos originais. Uma das consequências disso é que a maioria dos capítulos não pode ser atribuída a um autor único, mas foi o resultado do envolvimento de vários autores e revisores, além do editor geral. Para evitar problemas na atribuição da autoria dos capítulos, optou-se por este formato, de autoria coletiva."

Sobre o nome do grupo e os autores, o livro explica (GRUPO DE FOZ, 2021, p.8-9):

"O nome “Grupo de Foz” faz referência à reunião da ABEP [realizada em 2016, em Foz do Iguaçu, Paraná] em que a iniciativa foi articulada e onde se solicitaram as contribuições voluntárias de quem quisesse participar, embora nem todos os coautores e revisores estivessem presentes na reunião. Alguns deles, particularmente os contribuidores africanos, se juntaram ao grupo posteriormente. A coordenação geral do projeto foi de Ralph Hakkert, que também redigiu e revisou parte significativa do material. Outras contribuições importantes foram dadas por vários professores do CEDEPLAR, da Universidade Federal de Minas Gerais, e da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, particularmente Laura Rodríguez [p. 9] Wong e Marcos Gonzaga. Para ajudar na identificação das contribuições individuais, se fornece a seguinte lista dos colaboradores principais, com as suas respectivas contribuições:

  • Ana Paula Verona - Revisão do Capítulo 2, autoria principal das Seções 10.11 e 10.1
  • Ana Maria Nogales - Autoria principal do Capítulo 8, revisão dos Capítulos 4 e 
  • Bernardo Lanza Queiroz - Autoria das Seções 3.8 e 23.
  • Cássio Turra - Revisão do Capítulo 3, autoria principal do Capítulo 1
  • Cristiane Corrêa - Autoria parcial dos Capítulos 9, 19 e 2
  • Everton de Lima - Autoria da seção 23.3.1 e partes da Seção 23.3.
  • Flávio Freire - Autoria parcial dos Capítulos 9 e 2
  • Járvis Campos - Autoria parcial do Capítulo 11, particularmente a Seção 11.
  • Laura Rodríguez Wong - Autoria principal do Capítulo 16, autoria das Seções 12.6-12.9, contribuições ao Capítulo 5, revisão dos Capítulos 2, 3, 4, 5, 10, 11, 12 e Seções 23.1-23.
  • Luana Myrrha - Autoria principal do Capítulo 2
  • Mário Rodarte - Autoria parcial e revisão do Capítulo 1
  • Marcos Gonzaga - Autoria parcial dos Capítulos 9, 19 e 21, autoria da seção 16.3.
  • Pamila Siviero - Autoria principal da Seção 2.
  • Ricardo Ojima - Autoria da Seção 3.4 e autoria principal do Capítulo 11, revisão dos Capítulos 1, 2 e 3
  • Ralph Hakkert - Autoria principal dos Capítulos 1-7, 10, 17, 18 e 20, autoria parcial dos Capítulos 8, 9, 11-15, 21 e 23, contribuições aos Capítulos 16 e 22, editoria geral
  • Simone Wajnman - Autoria principal do Capítulo 13 

 

Usos e especialidades no campo de população


O livro "Métodos demográficos: uma visão desde os países de língua portuguesa" dedica o Capítulo 1 ao tema "Demografia, estatística social, geografia de população e outras abordagens do estudo de população". 

Dentro desse capítulo, na seção "1.2 Usos e especialidades no campo de população", fala-se das diversas facetas que compõem a Demografia.

GRUPO DE FOZ (2021, p. 22):

"Devido à característica de ser um campo compartilhado entre diversas disciplinas acadêmicas, com um núcleo comum de métodos e técnicas demográficas, as abordagens ao estudo das populações humanas têm variado muito e a abrangência da produção científica relevante é enorme. Nazareth (1996: 69) divide a demografia em seis grandes áreas:

1. Análise Demográfica;
2. Projeções Demográficas e a Prospectiva;
3. Demografia Histórica;
4. Demografia Social;
5. Políticas Demográficas; e
6. Ecologia Humana.

"A área de ecologia humana é mencionada também por outros autores (Duncan, 1972), mas em realidade hoje em dia geralmente não é vista como uma especialidade bem constituída, sendo que várias das suas questões e abordagens também são encontradas na geografia da população e no estudo das interações entre população e meio ambiente. Por outro lado, outro autores, como Zeng (2010), no seu compêndio da demografia, incluem especialidades adicionais, como as seguintes, entre outras:

• Comportamento Sexual e Saúde Reprodutiva;
• Planejamento Familiar e Saúde Reprodutiva;
• Demografia da Saúde;
• Demografia Antropológica;
• Demografia Econômica;
• Demografia dos Negócios e Pequenas Áreas;
• Biodemografia;

[p. 23]
• Demografia do Envelhecimento; e
• Ciências Atuariais."

Mais adiante nesta mesma seção "1.2 Usos e especialidades no campo de população" do capítulo 1 "Demografia, estatística social, geografia de população e outras abordagens do estudo de população" GRUPO DE FOZ (2021, p. 24) lê-se que:

"Algumas especialidades dentro da demografia têm usos bastante específicos. A demografia histórica, por exemplo, é um campo bastante particular onde se desenvolvem técnicas próprias para lidar com as deficiências dos dados arquivais que servem de base para a reconstrução da história da população. O Capítulo 15 [Demografia histórica] deste livro fornece uma breve introdução ao assunto. A demografia matemática é um campo especializado dentro da demografia, matemática ou estatística que estuda as relações formais entre diferentes variáveis demográficas usando o instrumental da matemática e teoria da probabilidade, como cadeias de Markov e outros processos estocásticos. Mais específico ainda é a intersecção entre demografia e genética, especificamente a genética de população, dois campos que normalmente se desenvolvem por caminhos separados, mas que também tratam de alguns assuntos comuns (Singer, 1990). Por exemplo, a distribuição geográfica de certos traços genéticos pode fornecer pistas sobre movimentos migratórios no passado."

Ainda, o Grupo de Foz (2021, p. 24-25) explica que: 

"Finalmente, a demografia dos negócios (“business demography”, em inglês) é um campo dentro dos estudos de mercado que faz uso intensivo de informação demográfica de censos e inquéritos especiais para descrever a estrutura dos mercados (ver, por exemplo, Pol, 1987; Kintner et al., 1994; Swanson, Burch e Tedrow, 1996; Guimarães, 2006; Oliveira, 2010; Swanson, 2017). Além das variáveis demográficas típicas, esses estudos fazem muito uso de informação sobre renda, ocupação, composição das famílias, posse de bens de consumo duráveis e dados obtidos de outras fontes sobre temas como consumo de diferentes tipos de produtos e padrões de uso de transporte. Muitos dos temas tratados na demografia de negócios também têm relevância para a administração pública, razão pela qual seja preferível usar o termo demografia aplicada para des-[p.25]crevê-la. Siegel e Swanson (2004: 2) usam essa terminologia e a distinguem da demografia básica, fazendo a distinção com base na ideia de que a maioria dos problemas estudados na demografia aplicada se apresenta em contextos fora daqueles tradicionalmente estudados pelos demógrafos. Como os estudos desenvolvidos para a administração pública são particularmente relevantes no nível local, a literatura norte-americana também frequentemente usa o termo “state and local demography”. A Associação de População dos EUA (PAA) tem um grupo de trabalho que se ocupa destes temas, tanto no âmbito da iniciativa privada como das políticas públicas (http://www.populationassociation.org/publications/applied-demography/). O espaço limitado do qual se dispõe num livro introdutório como este não permite aprofundar estes temas, mas ocasionalmente (por exemplo, na seção 3.10 do Capítulo 3) [seção Demografia das empresas no capítulo 3 - A relevância dos fatores demográficos para a dinâmica social e as políticas públicas] se fará referência a eles."

Demografia das empresas: um exemplo de Demografia dos negócios


No capítulo 3 "A relevância dos fatores demográficos para a dinâmica social e as políticas públicas" (GRUPO DE FOZ, 2021, p. 122-123), é abordado na seção 3.10 um exemplo de demografia dos negócios, chamado de Demografia das empresas:

"O IBGE tem uma publicação anual chamada Demografia das Empresas que analisa a dinâmica das empresas usando técnicas demográficas. Trata-se de um exemplo da demografia dos negócios, segundo a terminologia introduzida no Capítulo 1 ["Demografia, estatística social, geografia de população e outras abordagens do estudo de população"], embora esse termo também englobe vários outros tipos de pesquisa. O estudo, efetuado com base nas informações do Cadastro Central de Empresas (CEMPRE) do IBGE, traça um panorama geral dos movimentos demográficos das empresas, segundo porte e atividade econômica. Da mesma forma como os indivíduos nascem e morrem, o mesmo acontece com as empresas. O estudo teve início na publicação das Estatísticas do CEMPRE 2000 como parte da análise dos resultados, onde manteve-se até 2004. A metodologia mudou em 2008, em virtude da adoção de novos critérios de seleção de empresas ativas no CEMPRE, da utilização da Classificação Nacional de Atividades Econômicas - CNAE 2.0 e da compatibilização de uma série de indicadores com a metodologia internacional da OCDE. No estudo de 2008 foram apresentadas, como nos anos anteriores, as taxas de entrada, [p. 123]  saída e sobrevivência segundo o porte das empresas e as atividades econômicas, assim como a mobilidade das empresas por porte. Contudo, pela primeira vez, foram mostradas informações sobre as empresas de alto crescimento (empresas com crescimento médio de pessoal ocupado assalariado igual ou maior que 20% ao ano, por um período de 3 anos) e as empresas “gazelas” (empresas de alto crescimento com até 8 anos de idade no ano de referência), bem como seu impacto na geração de postos de trabalho assalariados formais entre 2005 e 2008. No estudo de 2009 foram acrescentadas informações de sexo e nível de escolaridade do pessoal assalariado das empresas de alto crescimento. A partir do ano de referência 2011, todo o processo de apropriação de registros da Relação Anual de Informações Sociais (RAIS) passou a ser feito a partir dos registros individualizados dos empregados."

"Um exemplo do tipo de análise demográfica que pode ser feita com dados de empresas é o Gráfico 3.9, que mostra a sobrevivência das empresas criadas em 2010 depois de x anos, por número de empregados assalariados. Na terminologia das tábuas de vida (ver Capítulo 9 [A tábua de vida]), esta função é conhecida como ℓx. O gráfico mostra que depois de 3 anos quase 50% das empresas criadas em 2010 já tinham deixado de existir. Há uma grande diferença em termos do tamanho da empresa. A maioria das empresas criadas em 2010 foram empresas sem empregados assalariados, geralmente consistindo de uma única pessoa, com um tempo de permanência muito curto. As empresas com pelo menos de um empregado assalariado tiveram um tempo de permanência maior, mas mesmo no caso das empresas com 10 ou mais empregados, um terço tinha deixado de existir em 2015."

Gráfico 3.9. Sobrevivência das empresas criadas no Brasil em 2010, segundo o número de empregados assalariados
 

Fonte: IBGE (2017)


Referências


Duncan, Otis D. (1972). Human Ecology and Population Studies. Em: Philip M. Hauser e Otis D. Duncan (orgs.). The Study of Population: an Inventory and Appraisal. 7th Edition, Chicago, University of Chicago Press: 678-16.Dupâquier, Jacques (1979). L’Analyse Statistique des Crises de Mortalité. Em: Charbonneau, Hubert e André Larose (orgs.). The Great Mortalities: Methodological Studies of Demographic Crises in the Past. Liège, Ordina Ed.: 83-112.

Nazareth, J. Manuel (1996). Introdução à Demografia: Teoria e Prática. Lisboa, Editorial Presença.

Grupo de Foz. Métodos demográficos: uma visão desde os países de língua portuguesa. (editado por Ralph Hakkert). São Paulo: Blucher, 2021. 1030p. Disponível em: https://www.blucher.com.br/metodos-demograficos-uma-visao-desde-os-paises-de-lingua-portuguesa_9786555500837

Guimarães, José R. S. (org.) (2006). Demografia dos Negócios: Campo de Estudo, Perspectivas e Aplicações. Campinas/São Paulo, ABEP, Série Demographicas, vol. 3, 2006. Disponível em: http://www.abep.org.br/publicacoes/index.php/series/issue/view/10

IBGE (2017). Demografia das Empresas. Rio de Janeiro, Fundação IBGE, Série Estudos e Pesquisas, Informação Econômica 29.

Kintner, Hallie J.; Thomas W. Merrick; Peter A. Morrison e Paul Voss (1994). Demographics: a Case Book for Business and Government. Boulder CO, Westview Press.

Oliveira, Sidney L. (2010). Demografia nos Negócios: Novas Fronteiras no Paradigma Clássico do Marketing. Belo Horizonte, UFMG, Tese de Doutorado em Administração.

Pol, Louis G. (1987). Business Demography: a Guide and Reference for Business Planners and Marketers. New York, Quorum Books.

Siegel, Jacob S. e David A. Swanson (2004). The Methods and Materials of Demography. San Diego CA, Elsevier Academic Press. Disponível em:
https://demographybook.weebly.com/uploads/2/7/2/5/27251849/david_a._swanson_jacob_s._siegel_the_methods_and_materials_of_demography_second_edition__2004.pdf.

Singer, Burton (1990). The Interface between Genetics, Demography and Epidemiology: Examples and Future Directions. Em: Julian Adams; David A. Lam; Albert I. Hermalin e Peter E. Smouse (orgs.). Convergent Issues in Genetics and Demography. New York, Oxford University Press.

Swanson, David A. (2017). The Frontiers of Applied Demography. New York, Springer.

Swanson, David A.; Thomas K. Burch e Lucky M. Tedrow (1996). What is Applied Demography? Population Research Policy Review 15: 403-418.

Zeng, Yi (org.) (2010). Demography. Oxford UK, EOISS Publ., UNESCO Encyclopedia of Life Support Systems.

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