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Sete princípios para geógrafos - K. M. Clayton

Encontrei este texto quando trabalhava no IBGE em Porto Alegre, entre 2002 e 2004. Eu gostava de passar parte do tempo vago viajando na biblioteca de lá.

O escritório regional tinha o acervo completo de várias publicações que hoje podem ser encontradas na página da Biblioteca virtual do IBGE. Dentre as pérolas pode-se consultar: o Boletim Geográfico, a Revista Brasileira de Geografia (1939-2005), a Revista Brasileira de Estatística (1940-2007), Projeto RadamBrasil, Curso de férias para professores de geografia, e obras magníficas como Ecodinâmica (1977) de Jean Tricart.

Na época eu tirei uma cópia desses "Sete princípios para geógrafos" de K. M. Clayton.


A visão dele é um pouco malthusiana ao falar do problema da pressão da população mundial sobre os recursos, em especial os alimentos, e que deveria-se realizar uma investida muito mais radical na redução do crescimento populacional (princípio 5). Como se sabe isso é uma grande falácia.

Mas, por outro lado, tem alguns princípios interessantes como o 2º (interação homem e ambiente envolve ciências sociais e físicas) e o 7º princípio (abordar a reciclagem de materiais como poupadora de matéria-prima e como um destino final mais ambientalmente equilibrado).

Eis o texto copiado do original:


Sete princípios para geógrafos

K. M. Clayton

1. O meio-ambiente é extremamente complexo e qualquer interferência, mesmo na tentativa de anular a devastação provocada pelo homem, só deve ser feita mediante um conhecimento suficiente que permita predizer os resultados totais de suas atividades.

2. A interação entre o homem e o meio-ambiente envolve aspectos tanto das ciências físicas como das sociais. Por essa razão, uma aproximação baseada em apenas uma delas não é satisfatória.

3. As relações entre o homem e o meio-ambiente não se limitam apenas à relação existente entre os organismos de um ecossistema e seu meio-ambiente. Os sistemas social e econômico afetam esta interação

4, A pressão sobre os recursos é uma função dos sistemas social e econômico. Retalhar e queimar economias com populações de poucos habitantes por quilômetro quadrado pode acarretar sérios danos ao meio-ambiente, semelhantes às pressões encontradas nos países pequenos e altamente industrializados.

5. A pressão da população mundial sobre os recursos, particularmente de alimentação, permanece crítica. Convém não só atacar ambos os lados dessa equação, como também realizar uma investida muito mais radical quanto ao progresso na redução do crescimento populacional.

6. Considerando-se que o mundo ainda não esgotou seus recursos e que eles vão se exaurindo e se tornando mais caros, o uso alternativo de materiais se apresenta viável.

7. Os recursos em disponibilidade para o homem incluem os produtos residuais de suas fábricas. O aproveitamento desses resíduos torna-se cada vez mais conveniente, uma vez que afetam seu meio-ambiente e que os recursos alternativos são caros e escassos.

FONTE:

Boletim Geográfico, Instituo Brasileiro de Geografia e Estatística, Rio de Janeiro, 32(233): 73, mar./abr., 1973. Disponível em: http://biblioteca.ibge.gov.br/visualizacao/monografias/GEBIS%20-%20RJ/boletimgeografico/Boletim%20Geografico%201973%20v32%20n233.pdf. Acesso 13/04/2010.

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